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22/09/2022

Nota da SVB a respeito da campanha publicitária do Leite Ninho

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No primeiro episódio, uma das mães escolhidas vai até uma propriedade rural fornecedora da Nestlé, onde uma produtora apresenta as vacas, chamando-as pelo nome e alegando que cada vaca da propriedade recebe um nome. A filha da agricultora aparece, inclusive, abraçando um bezerro e sorrindo.

Infelizmente, a campanha é apenas mais uma tentativa da indústria pecuária de mascarar a realidade de crueldade e tortura que está por trás da produção de carnes, laticínios e ovos.

A produção industrial de leite no Brasil, na maioria dos casos, não é muito diferente da produção industrial de alta tecnologia utilizada em outros países como os Estados Unidos – e a realidade dessa indústria não poderia ser mais distante das cenas e mensagens que a Nestlé veicula em sua campanha.

Uma investigação conduzida nos Estados Unidos em 2011 pela ONG Mercy For Animals revelou os horrores suportados pelas vacas e bezerros da maior fazenda de leite do estado de New York. As imagens incluem vacas com feridas abertas, infecções cheias de pus sem cuidado veterinário, vacas doentes e inválidas que não conseguiam sequer andar, trabalhadores chutando e dando choques elétricos nos animais, bezerros tendo suas caudas e seus chifres cortados e queimados sem anestésicos, bezerros sendo arrastados à força para longe das suas mães, superlotação de animais e injeção sistemática de hormônios que estimulam a produção de leite acima do normal. Ainda, segundo um estudo nacional realizado no estado do Paraná, mais de 60% das vacas leiteiras sofrem de algum tipo de mastite (inflamação das tetas), devido à secreção excessiva de leite.

Também na América da Sul, foi conduzida uma abrangente investigação que chegou a conclusões semelhantes e resultou no documentário "Huerfanos de La Leche" (assista aqui).

Veja cenas do filme "Huerfanos de La Leche", da ONG chilena Elige Veganismo, que mostra a realidade desta indústria na América do Sul

A Nestlé é a maior compradora individual de leite do Brasil, tendo adquirido em 2011 2,1 bilhões de litros de leite de cerca de 50 mil produtores diferentes. Uma empresa que compra leite nestas proporções patrocina todas as possíveis formas de violência pela qual as vacas e os seus filhotes passam durante as várias etapas de criação e produção.

Quando cerca de 80% da população mundial apresenta algum grau de intolerância à lactose, estimular seu consumo não reflete uma necessidade racional e nem tampouco nutricional. Além disso, o consumo de leite de vaca em crianças com menos de uma ano de idade provoca microsangramento intestinal e leva à anemia por falta de ferro. Há fontes de cálcio vegetal excelentes e que podem substituir sem prejuízos, e com vantagem, o cálcio do leite de vaca.

Por fim, a campanha esconde algumas das facetas mais revoltantes da indústria que fornece leite para produzir o Leite Ninho. A SVB pergunta, então, à Nestlé: o que acontece com os bezerros machos nascidos nesta indústria? E com as vacas mais velhas, que já não servem mais? E o que dizer da inseminação artificial e gestações sem descanso? E da separação forçada dos filhotes logo após o nascimento?

 

 
 
 

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