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22/09/2022

Portal R7 retrata-se após induzir a enganos sobre vegetarianismo

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O parecer enviado pela SVB à redação do R7 trazia questionamentos a respeito de cada um dos equívocos do texto, como dizer que "a carne é importante para o crescimento, cicatrização e funções imunológicas". Sobre este ponto, o Dr. Eric Slywitch argumentou: "Não é a carne que é importante para o crescimento, cicatrização e funções imunológicas, mas sim nutrientes, como proteína, zinco e ferro, contidos nas carnes ou nos alimentos vegetais. As carnes são facilmente substituídas pelos feijões para oferta desses nutrientes. Lembramos que o alimentos é o veículo dos nutrientes, e hé veículos diferentes para oferecer os nutrientes com ótimo aproveitamento".


 

Após analisar e acatar o parecer da SVB, o portal R7 solicitou uma entrevista para esclarecer melhor os equívocos e as dúvidas mais freqüentes sobre o assunto.

Veja a matéria publicada com os esclarecimentos após intervenção da SVB.

 

Presidente da Associação Brasileira de Nutrologia também se equivocou


Além de veículos de imprensa, a SVB tem se posicionado em relação a equívocos de profissionais de saúde também. Em entrevista gravada a um pequeno programa de TV chamado "Simples Assim", o presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) Dr. Durval Ribas Filho respondeu de maneira inadequada e com erros técnicos importantes a diversas perguntas sobre vegetarianismo e veganismo. A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), por meio do seu Departamento de Medicina e Nutrição, enviou diretamente ao Dr. Ribas Filho uma carta aberta esclarecendo alguns dos pontos abordados. Veja abaixo o teor da carta.

 

CARTA ABERTA DA SVB AO PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTROLOGIA (ABRAN) DR. DURVAL RIBAS FILHO

Prezado Dr Durval Ribas Filho,

por meio da Sociedade Vegetariana, entramos em contato referente ao vídeo "Dr. Durval Ribas Filho, Dieta vegana ou vegetariana?", que nos foi enviado por meio de nossos associados.

Algumas partes das suas colocações deixam pontos que gostaríamos de esclarecer:

– Um primeiro ponto é em relação à nomenclatura utilizada de forma equivocada. A correta nomenclatura é vegetariano estrito, e não restrito.

Restrito significa algo que tolhe o livre exercício do direito ou mesmo impõe limites de ação.

Estrito é relacionado à exclusividade, a exatidão ou até mesmo ao rigor.

Sendo assim, a dieta que exclui todo e qualquer alimento de origem animal é uma dieta que cumpre rigorosamente uma convenção manifestada pelo ato de se alimentar exclusivamente

de vegetais, sendo portanto, uma dieta vegetariana estrita. E como é por opção do indivíduo, não há tolhimento às suas ações, não sendo, portanto, restrita.

Além desse ponto, muitos estudos demonstram que a dieta vegetariana estrita tende a ser mais diversificada que a onívora.

E quando se usa carnes brancas na dieta, o indivíduo não é vegetariano.

A classificação vigente define os vegetarianos como: ovolactovegetarianos, lactovegetarianos, ovovegetarianos e vegetarianos estritos.

– Outro ponto é a colocação de que a gordura saturada deve fazer parte da dieta, e que a dieta sem produtos de origem animal seria insuficiente nesse aspecto.

Entendemos que o correto seria dizer que a gordura saturada é mais abundante no reino animal, tendo em vista que os alimentos vegetais também contém gordura saturada. Do perfil lipídico dos alimentos vegetais, a gordura saturada corresponde à seguinte proporção:

Cereais integrais e leguminosas – 19,8%

Cereais refinados – 42,8%

Óleos vegetais (em média) – 24,9%

Oleaginosas – 24,6%

Assim, dentre as gorduras presentes nos vegetais, uma boa fração dela é saturada.

– O outro ponto é com relação à orientação de uso de vitamina B12 para o vegetariano estrito, pois não há necessidade de uso injetável, já que a falta de absorção não é por falta de Fator Intrínseco, mas sim por falta de ingestão. Assim, o uso de alimentos fortificados ou mesmo suplementos por via oral é suficiente para garantir seu aporte nutricional.

– Quanto aos estudos com adventistas, temos pontos bastante interessante, e de fato vemos que parte dos vegetarianos ingeriam menos álcool e usavam mais cereais integrais. Em alguns dos estudos com adventistas esse dado altera a avaliação final dos resultados. Entendemos que a dieta vegetariana pode ser ruim para a saúde se mal planejada, da mesma forma que

será a onívora mal planejada.

Mas os estudos de Neal e col, contêm melhor metodologia, e mostram efeito muito mais positivos ao comparar o grupo vegetariano estrito com o grupo onívoro com dieta bem planejada. Nessa condição, vemos que, com dietas planejadas e estilo de vida similar a dieta vegetariana estrita foi significativamente mais efetiva ao reduzir os níveis de LDLc, de

medicamentos utilizados pelos participantes, assim como da perda de peso.

Assim, com dieta onívora planejada, vemos que a dieta vegetariana planejada se mostra mais eficaz para algumas condições, como a Resistência Periférica à Insulina e Diabetes tipo II.

– Com o passar dos anos temos visto o crescente aumento da população vegetariana, e isso torna necessária a melhor preparação dos profissionais que se formam, tanto médicos

nutrólogos quanto nutricionistas. Nosso parecer oficial já foi endossado pelo Conselho Regional de Nutrição, mas entendemos ser importante haver uma diretriz com embasamento científico para ser usada pela ABRAN, e que possa ser usada pelos especialistas em Nutrologia.

 

Nos colocamos à disposição para ajudá-lo nesse processo.

 

Atenciosamente,

Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira

Dr Eric Slywitch – Médico Nutrólogo – CRM SP 105.231

 

 

 

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